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“A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar.” Esse é um trecho do poema A criança é feita de cem linguagens, de Loris Malaguzzi, e representa muito o que é a Educação Infantil, especialmente nos primeiros anos de desenvolvimento dos pequenos, quando chorar, cantar, brincar, balbuciar, dançar, desenhar, fazer caretas e até mesmo silenciar são expressões tão importantes quanto a linguagem oral.
Não é segredo para ninguém: durante os dois primeiros anos de pandemia, que exigiram isolamento social e um tempo longo de fechamento das escolas, essas e outras possibilidades expressivas foram prejudicadas. Agora, de volta às atividades presenciais, criar condições para que a criançada possa se expressar por meio de diferentes formas de linguagem e até mesmo elaborar o que viveu naquele período é fundamental para garantir o desenvolvimento integral.
Para Nilcileni Brambilla, formadora de professores e produtora de materiais pedagógicos para a NOVA ESCOLA, a importância dessa fase atual é oferecer experiências que foram tolhidas das crianças durante o isolamento social, como o contato com o outro, no sentido de percebê-lo para além do que é expresso com a fala. “A possibilidade dessas vivências, nas quais podem comunicar o que estão sentindo e principalmente perceber o que o outro está sentindo e pensando ou querendo expressar, é o mais importante de ser retomado”, ressalta.
A educadora Natana Fussinger sabe bem disso. Ela atua em duas escolas municipais de Educação Infantil no interior do Rio Grande do Sul: a EMEI Professora Regina Albarello Folle, em Palmitinho, e a EMEI Dona Etelvina, em Vista Alegre, com turmas, respectivamente, de crianças bem pequenas (um ano e sete meses a três anos e onze meses) e de crianças pequenas (quatro anos a cinco anos e onze meses).
Natana percebe que, por conta do contexto pandêmico que viveram na transição de um para dois anos de idade, algumas crianças expressam diferentes vocabulários ao cantar cantigas conhecidas ou ao nomear pessoas, objetos e animais. E há as que cantam e dançam e outras que são mais observadoras e preferem brincar sozinhas na maior parte do tempo das propostas investigativas. “Para todas é o início de muitas descobertas e aprendizagens que o cotidiano pode proporcionar. Os estímulos que receberam da família em casa, no primeiro ano de vida, favoreceram o desenvolvimento, é claro, porém cada uma apresenta características singulares”, observa.
Por volta dos dois anos de idade, período em que as crianças estariam, em sua maioria, frequentando a escola, elas estavam isoladas em casa, sem interações e brincadeiras que envolvessem o contato físico, o olho no olho, a criação de narrativas, o faz de conta e o desenvolvimento saudável dos seus sentimentos e emoções que os espaços coletivos da Educação Infantil proporcionam. “O que elas viveram foi o brincar por brincar e por vezes solitário”, diz.
Para isso, Natana investe com sensibilidade no brincar coletivo, na divisão de materiais e papéis em brincadeiras, no respeito e no cuidado com o próximo, na ampliação do vocabulário e na expressão corporal por meio da música, da arte e dos contextos investigativos. Planejar atividades para tudo isso é essencial.
O documento que você encontra a seguir para download é um banco de ideias que pode ser consultado para inspirar seu planejamento de propostas para desenvolver linguagem e expressão. Além de indicações gerais sobre as atividades, apresentamos também o que você precisa garantir para o sucesso das propostas e quais são os objetivos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que se relacionam com as sugestões apresentadas. Elas podem ser adaptadas de acordo com as demandas de cada turma e as possibilidades que a escola e o território oferecem.
BAIXE AQUI O BANCO DE ATIVIDADES
[Camila Cecílio – Nova Escola]