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Na infância, aprender é regra! Afinal, os pequenos estão a todo vapor explorando os ambientes, conhecendo seus mundos e testando sensações.
Longe de ocorrer somente em sala de aula, os aprendizados ocorrem o tempo todo, em cada experiência, troca social ou brincadeira – são sempre bastante ricos e se complementam com as habilidades necessárias para, lá na escola, as crianças poderem ler, escrever, desenhar, entender história, filosofia e todos os demais componentes curriculares.
Apesar de ser um processo natural, ele não é linear – e, algumas vezes, os pequenos são afetados por dificuldades de aprendizado, que são situações mais complexas e que necessitam de um olhar cuidadoso da família e da escola.
Sinais e sintomas que indicam dificuldades de aprendizado
Na vida escolar, é comum haver dificuldades no aprendizado – e isso não precisa ser necessariamente somente na fase de alfabetização ou nos primeiros anos da educação infantil. Mesmo adolescentes ou adultos podem ter facilidade com determinadas áreas ou conteúdos e menos com outras.
Porém, apesar de ser comum um novo conhecimento exigir mais esforço para ser aprendido, alguns problemas indicam que a situação passou da normalidade.
Quando se observa um desempenho muito abaixo do esperado para a faixa etária, pode estar havendo algum tipo de dificuldade no processo de aquisição do conhecimento, seja na adolescência ou na infância.
E isso pode ser causado por diversos fatores, como um aspecto cultural, cognitivo ou neurobiológico. Por exemplo, a metodologia inadequada à faixa etária é uma dificuldade de aprendizagem, mas um transtorno como o TDAH também é.
TDAH: um dos transtornos mais comuns
Sobre os transtornos de aprendizagem, eles podem afetar a atenção, percepção, memória ou simbolização, por exemplo. Os mais comuns são a dislexia, discalculia, disortografia, disgrafia e transtorno de déficit de atenção.
Este último acomete cerca de 5% das crianças e, na grande parte, persiste pela vida adulta. Isso ganha contornos ainda mais sérios, pois muitos casos são negligenciados, logo que o transtorno é tratado apenas como uma agitação ou mesmo um mal comportamento.
Os sintomas clássicos para a identificação do TDAH são: desatenção, hiperatividade/impulsividade – lembrando que as crianças podem apresentar predominância de algum destes ou sintomas combinados.
O quadro pode desencadear uma série de comportamentos ou dificuldades, como impossibilidade de concentração – o que faz a criança não conseguir prestar atenção na aula, conversar demais ou mesmo se mexer muito.
Como é feito o diagnóstico das dificuldades de aprendizado?
As dificuldades de aprendizado são diagnosticadas a partir do acompanhamento especializado e contínuo – isso envolve escola, família e, quando necessário, profissionais de saúde.
Se os pequenos estão apresentando baixo desempenho escolar e nenhum fator externo é identificado (como ambiente, metodologia ou má adaptação à turma, por exemplo), é preciso investigar se pode se tratar de um transtorno de aprendizado, como o TDAH.
Neste caso, os critérios clínicos para o diagnóstico devem incluir uma avaliação cuidadosa de profissionais especializados da área médica.
Além disso, a criança precisa apresentar os sinais e sintomas de desatenção e impulsividade/hiperatividade há pelo menos 6 meses e eles devem ser mais intensos do que o considerado normal para a idade dela.
Quais os sintomas recorrentes do TDAH?
É bastante importante que os sintomas sejam avaliados por profissionais especialistas, evitando que o quadro seja confundido com o comportamento normal de uma criança que apenas está descobrindo o mundo e curiosa para explorá-lo – afinal, os pequenos são cheios de energia.
Mas quando a desatenção e a hiperatividade/impulsividade são exageradas ou intensas, um sinal de alerta deve surgir na família, sobretudo porque podem afetar o desempenho escolar, a vida social e o bom desenvolvimento infantil.
Entre os sinais e sintomas de desatenção que a criança tem, estão:
– Não consegue prestar atenção a detalhes, cometes erros com frequência em atividades, mesmo naquelas que ela já fez antes;
– Tem dificuldade em manter o foco em brincadeiras e jogos;
– Parece perder o foco, mesmo quando alguém fala diretamente com ela;
– Deixa muitas coisas pela metade;
– Evita ou não gosta de atividades que exigem muito tempo;
– Distrai-se com facilidade.
Já entre os sintomas de hiperatividade/impulsividade estão:
– Agita ou movimenta mãos e pés com frequência;
– Caminha, levanta-se ou muda de posição diversas vezes;
– Costuma falar bastante e interrompe outras pessoas;
– Pode ter dificuldade em completar frases, por falar rápido demais.
Vale reforçar que nem todo distúrbio de aprendizado é TDAH, assim como nem toda dificuldade é um distúrbio. Muitas vezes, esta é apenas causada por um fator transitório e mutável, como a metodologia de ensino aplicada. Nesse caso, mudar a abordagem ou ver como funciona o processo de aprendizagem da criança já resolve o problema – algumas aprendem melhor ouvindo; outras, repetindo ou lendo.
Outro ponto fundamental é que há sintomas que não são causados pelas dificuldades de aprendizado, mas podem ser desencadeados por elas, como ansiedade, medo, insegurança, timidez e isolamento social.
Isso decorre porque, independentemente da causa (social, metodológica ou neurobiológica), a criança se sente distanciada dos colegas, começa a ter medo de errar e passa a sentir-se incapaz.
Qual o tratamento indicado para TDAH?
O tratamento para TDAH é baseado sobretudo em terapia comportamental. Com o auxílio de psicólogos e psicopedagogos, a família vai estabelecer formas harmônicas e saudáveis de auxiliar os pequenos a lidarem com suas impulsividades/hiperatividades e desatenções.
Manter um ambiente saudável, com controle de estímulos, rotina bem ajustada a um diálogo próximo entre os responsáveis é essencial. Além disso, podem ser indicados, em casos mais severos, medicamentos para auxiliar no controle dos sintomas – nesse caso, o profissional indicado é um médico psiquiatra ou neurologista infantil.
Nos demais casos de dificuldades de aprendizado, é preciso identificar a causa – se for externa, como barulhos que atrapalham, metodologia inadequada ou indisciplina, adaptações na rotina e no ambiente podem resolver facilmente o problema.
[Fonte: Revista Educação]