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A contagem é uma situação muito presente em nosso cotidiano: contamos o dinheiro, a quantidade de pessoas de um determinado evento, as medalhas obtidas numa competição, nossas roupas. Temos uma enorme quantidade de circunstâncias.
No entanto, nem sempre foi assim. O homem nômade não tinha a necessidade da contagem. Apenas o senso numérico – isto é, capacidade que permite diferenciar, sem contar, pequenas quantidades de grandes quantidades, percebendo onde há mais e onde há menos – permitia-lhe resolver os problemas que surgiam.
Conforme as atividades ligadas à caça e coleta foram se aprimorando, surgiu a necessidade de controlar as quantidades de alimentos e animais. Isto é, quando ele se tornou produtor ele precisou, por exemplo, saber quanto precisava plantar.
Você deve estar se lembrando do problema do pastor de ovelhas que precisava controlar a quantidade delas e ter certeza de que nenhuma havia se perdido. Situação-problema como essa está presente em muitos livros didáticos para introduzir a contagem.
Como aparece na prática pedagógica
Trabalhar a contagem é uma proposta que deve permear a rotina escolar desde a Educação Infantil. Conforme a criança avança o professor irá se aprofundar nas aprendizagens. O trabalho parte do desenvolvimento do senso numérico para estudar a contagem um a um, por agrupamentos até o registro de quantidades.
Entretanto, para que esse trabalho se fortaleça e atinja seus objetivos, é preciso pensar em atividades que sejam significativas e mobilizem os conhecimentos prévios dos alunos. Para tal, devemos pensar em propostas que levem a turma a refletir sobre o que estão fazendo. Não simplesmente propor exercícios mecânicos de contar e registrar, mas seguir a perspectiva da alfabetização matemática.
Sugestões para estudar contagem nos anos iniciais do fundamental
Desenvolver a habilidade da contagem requer a compreensão de quantidades, ou seja, não basta recitar a sequência numérica – embora seja importante conhecê-la. É preciso associar os nomes aos números de acordo com a sua ordem; relacionar os nomes e números com a identificação dos elementos de determinado conjunto e fazer a contagem única dos mesmos.
Assim, é importante investir em práticas significativas como, por exemplo, a contagem no momento da chamada e fazer a exploração do calendário para contar os dias da semana e do mês. Uma possibilidade é solicitar que o ajudante do dia distribua os materiais e pedir que, conte previamente a quantidade que será necessária a partir do número de crianças presentes.
Disponibilizar diferentes objetos com números que estão presentes no cotidiano como calculadoras, dinheiro, fita métrica e régua. Isso possibilitará organizar boas situações de aprendizagem, como por exemplo, criar um “mercadinho”, no qual os alunos poderão fazer compras e terão que “pagar”.
O trabalho com as coleções é outra estratégia. Contar e agrupar permitem controlar e representar quantidades. Dessa forma, propor à turma fazer coleções de diferentes objetos (figurinhas, pedrinhas, contas, folhas, entre outros) permitirá a contagem por meio de agrupamentos menores, o que também estará mais próximo do seu cotidiano e será mais significativo.
Em minha experiência, a coleção de pedrinhas são sempre a favorita da turma, seja individualmente ou quando escolhíamos um tipo para fazer a coleção da classe. Uma série de propostas iam surgindo conforme as coleções iam sendo organizadas. Além de explorar a contagem, diferentes situações-problemas também podem envolver as ideias da adição e subtração.
Propor brincadeiras nas quais as crianças precisem agrupar-se em duplas, trios, quartetos, também contribuirá para a construção da ideia de agrupamentos. Sempre utilizei uma brincadeira bastante simples que surtia muitas problematizações dentro dessa ideia. Eu começava proponho que as crianças corressem e ao sinal deveriam formar duplas e, a partir delas, fazíamos a contagem – no caso de 2 em 2. Depois, pedia que formassem trios e assim por diante, sempre contando a partir do agrupamento formado.
Nessa linha, jogos utilizando dados não poderiam ficar de fora para se trabalhar a contagem de forma significativa. Planeje jogos e intervenções que possibilitem que o aluno desenvolva estas habilidades de forma não mecânica. O fato de contar as marcas do dado e avançar num determinado percurso permitirá evoluir nas estratégias de contagem. Por exemplo, uma criança que tira no dado 5 e precisa acrescentar mais 1 irá descobrir que seu corpo – os seus dedos – são um instrumento de contagem.
Além dos jogos de percurso, trago como sugestão o Mais um, que você pode baixar o tabuleiro no botão abaixo. A proposta é que as crianças joguem o dado e acrescente mais um ao número obtido, marcando o resultado no tabuleiro. Se saiu 5, soma-se mais um, obtendo o 6 e marcando ele no tabuleiro. O vencedor será aquele que completar a cartela primeiro. Vale lembrar que é o mesmo tabuleiro para todos os jogadores.
BAIXE AQUI O MODELO DE TABULEIRO DO MAIS UM
Nesta atividade, é possível perceber as estratégias que os alunos estão utilizando para fazer a contagem. Ou seja, se eles contam as marcas do dado, se utilizam materiais de contagem ou se utilizam os dedos. A partir do observado, pode propor outras dinâmicas que permitam o avanço de cada um. Depois de problematizações e muitas jogadas para que a turma se aproprie do jogo, sugira o Mais dois. Será um ótimo momento para problematizar a construção do tabuleiro e das jogadas.
[Selene Coletti – Nova Escola]