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O início da vida escolar é cheio de desafios e novas experiências – tanto para os pequenos quanto para a família. Dia após dia, os alunos são apresentados a novos saberes, adquirem conhecimentos, testam suas habilidades e se desafiam cotidianamente.
Isso tudo faz parte do processo de ensino-aprendizado, que amplia as noções que eles têm sobre o mundo e sobre si mesmos.
Apesar de os pais e mães ficarem entusiasmados com os avanços dos pequenos (como aprender a ler ou quando eles contam fatos curiosos que descobriram em aula), também é um momento que podem surgir preocupações em relação ao desempenho escolar.
Vale reforçar que é normal que dificuldades surjam, afinal, todo aprendizado é um processo complexo, sendo que afinidades e capacidades podem interferir no ritmo que isso ocorre. Porém, tanto a escola quanto a família devem ficar atentos para aqueles casos em que as dificuldades deixam de ser normais e passageiras, tornando-se sinais de que possa haver algum distúrbio de aprendizagem.
Nesses casos, a melhor maneira de enfrentar a situação é observar os sinais o quanto antes e buscar ajuda profissional, para que a criança ou adolescente possa receber o atendimento adequado e se desenvolver.
Em todos os casos, além do protocolo de tratamento, é indispensável que a escola e a família trabalhem em conjunto com os profissionais, amparando e assistindo o aluno – o que promove uma melhor adesão ao tratamento.
Isso significa então que ter um distúrbio não é um impeditivo para que o estudante se aperfeiçoe academicamente, apenas que ele vai precisar de recursos e metodologias focadas em suas necessidades.
Alguns casos são mais comuns na vida escolar, por isso, conheça distúrbios de aprendizagem que podem estar prejudicando o seu filho:
Dislexia
A dislexia é um dos distúrbios de aprendizagem razoavelmente conhecido, no entanto, ainda é comum o diagnóstico demorar, fazendo com que a criança sofra sobretudo no início do processo de alfabetização.
Ela consiste em um distúrbio neurobiológico, de ordem genética, que faz com que as informações recebidas pelo cérebro sejam interpretadas de forma incorreta. O resultado é que a escrita e/ou a leitura são afetadas.
O nível dessa dificuldade é bastante variável, podendo ser apenas a troca de uma letra na hora da escrita ou chegando à dificuldade de organizar frases inteiras.
Em todos os casos, os alunos precisam de acompanhamento com fonoaudiólogo e psicólogo, podendo incluir outros profissionais de acordo com cada avaliação. Apesar de não haver cura para o quadro, os profissionais usam recursos e atividades que permitem ao aluno trabalhar suas barreiras e superar as dificuldades.
Disgrafia
Longe de ser uma falta de capricho ou boa vontade do aluno, a disgrafia é um distúrbio em que ele tem uma dificuldade motora que torna sua letra ilegível. Nesses casos, a criança ou adolescente apresenta alterações na coordenação motora fina, ritmo e movimento, que são um conjunto essencial para o ato de manusear um lápis de reproduzir letras do alfabeto.
Em geral, o quadro pode incluir dificuldades em escrever, letra ilegível até para a própria criança, dificuldades em diferenciar letras maiúsculas e minúsculas, dificuldades em dar espaçamentos adequados entre as palavras (vezes muito juntas, vezes muito separadas), escrita fora da linha do caderno e lentidão para copiar textos, por exemplo.
O tratamento consiste em um acompanhamento especializado, com profissionais que podem incluir psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, que vão orientar as atividades – tanto no ambiente escolar quanto familiar.
Déficit de atenção
O déficit de atenção é uma condição neurobiológica que apresenta ordem genética. Por ter graus diversos, nem sempre o quadro é facilmente diagnosticado na infância – e, por vezes, nem mesmo na vida adulta – fazendo com que haja um sofrimento bastante grande.
Isso ocorre porque o transtorno gera uma dificuldade ou mesmo incapacidade de a criança manter o foco em suas atividades de forma geral. Ela pode apresentar sintomas como impulsividade e inquietude também.
Então, considerando que a escola tende a ser um ambiente em que prestar atenção e ater-se às tarefas é importante para compreender o conteúdo e fixar a informação, todo o processo de aquisição de conhecimento fica prejudicado.
Em geral, o tratamento consiste em acompanhamento psicológico e, em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos prescritos por especialistas de medicina.
Discalculia
Dificuldades em contas e operações matemáticas são consideradas comuns, porém, quando ocorrem de maneira mais intensa, em que mesmo um amparo maior e reforço escolar não são suficientes para que um aluno acompanhe o resto da turma, pode ser um caso de discalculia.
A desordem afeta especificamente as habilidades de compreensão numérica, em que problemas matemáticos, aplicações, conceitos e fórmulas se tornam elementos de grande dificuldade para a criança ou adulto.
A família, a escola e profissionais em psicologias fazem parte do tratamento, buscando formas de aproximar os alunos dos números de modo mais compreensível e simples. Por isso, é importante que a ajuda profissional esteja presente, pois as orientações e intervenções didáticas dependem do diagnóstico e de avaliações constantes.
Hiperatividade
Apesar de muitas pessoas acharem, ainda, que a hiperatividade é sinônimo ou equivalente ao déficit de atenção, são condições diferentes – porém, podem ocorrer simultaneamente, de forma que pode haver quadros de déficit de atenção com hiperatividade.
Uma criança ou adulto hiperativo pode apresentar comportamento descrito como “não consegue ficar parado”, geralmente se diz que é alguém com muita energia, mas de uma forma que afeta a realização de suas atividades cotidianas, como estudar, ler ou mesmo sentar para comer.
Também pode ser alguém que, apesar de não demonstrar muita agitação física, tem dificuldade em manter o foco, falando rápido demais, cortando as próprias palavras ou frases. Os sinais e sintomas podem se manifestar juntos também.
A hiperatividade pode ser tratada com acompanhamento psicológico e, se necessário, uso de medicamentos que auxiliam a controlar os sintomas.
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Algumas condições podem afetar o desempenho escolar e desenvolvimento infantil. Esses casos, se não forem devidamente diagnosticados e tratados com a seriedade que merecem, podem resultar em dificuldade e danos pelo resto da vida.
Porém, com a ação conjunta da família, escola e profissionais de saúde, todos os alunos podem se desenvolver corretamente, enfrentar suas dificuldades e vencer desafios.
[Fonte: Maristas]